Karlla Vasco / Foto divulgação


  •  Especialistas falam sobre retomada do setor de Turismo no Brasil |

  • E mais, o As Carolinas conversou com uma viajante que teve seu sonho adiado por conta da pandemia


Entre os setores mais prejudicados por causa da pandemia do novo Coronavírus, o de Turismo foi um dos que mais sofreu e pode ter recuperação mais lenta, caso a disseminação do vírus permaneça até que surja uma vacina. Enquanto isso, empresas do ramo de hotéis e viagens precisam se preparar para retomada das atividades, já que o fechamento de fronteiras, uma das medidas de contenção ao contágio pelo Covid-19 afetou a dinâmica econômica do setor. O estudo "Impacto Econômico da covid-19 e Proposta para o Turismo Brasileiro", elaborado pela FGV Projetos, aponta que o reequilíbrio dos negócios durará cerca de 12 meses, uma vez que a saúde financeira das famílias estará comprometida. No caso do turismo internacional, o período de recuperação poderá chegar a 18 meses. 


Segundo a turismóloga, Bethânia Mendes, há muitas medidas e protocolos que as empresas do setor e os governos deverão desenvolver para um retorno seguro, já que haverá um tempo de grande desconfiança e medo pelo perigo de contaminação. "O uso de máscaras e álcool em gel ajudam na prevenção, mas o risco não é zero. As empresas vão  precisar informar todos os protocolos de segurança e possíveis riscos, além de todas as medidas tomadas para respeitar as comunidades locais e os funcionários", explica. "Trabalhar com turismo é muitas vezes trabalhar com o sonho das pessoas e um sonho consciente previne decepções", completa.


A servidora pública, Karlla Vasco, 28, estava encerrando um ciclo de viagens pelo Brasil e iniciando outro quando foi decretada a quarentena no País. A ideia era fazer as malas ainda no segundo semestre deste ano, mas confessou ao As Carolinas, que prefere aguardar um posicionamento mais concreto sobre o fim da pandemia para voltar seu projeto. "Foi bem frustrante, pois estava há tempos planejando e não pude concretizar antes por falta de oportunidade e já estava encaixando minha vida para alcançá-lo", relata Vasco. Agora, está aproveitando este tempo para estudar roteiros, curiosidades sobre destinos e juntando dinheiro para quando tudo voltar ao normal. "A segurança e saúde são mais importantes. Estou tentando ressignificar esta experiência e me acalmar acreditando que terei novas oportunidades quando tudo isso passar", salienta.


A política de isolamento trouxe consequências significativas, como por exemplo, a redução de número de empregos. A diminuição foi de 38,9% em relação à 2019, afetando principalmente os pequenos negócios como a Maia Turismo, consultoria de viagens fundada em novembro de 2004, pela Sonia Aparecida Maia. No momento em que autoridades mundial alertaram sobre a gravidade e os riscos de contágio pelo novo coronavírus, a empresária trabalhou efetivamente para garantir a segurança e o retorno de seus clientes que estavam em viagens nacionais e internacionais para seus lares. "Tive muitos problemas com a comunicação com as operadoras e companhias aéreas. No turismo, se você não orientar e resolver a situação corretamente, é passivo de multa, precisava ajudar os passageiros e me preocupar em não quebrar a agência, porque sou pequena e não teria dinheiro para cobrir possíveis custos", diz Sonia.


A consultora se prepara agora para a retomada fazendo cursos à distância e mantendo a base de clientes ativa. "Não acredito que vá passar rápido, porém, as pessoas quando se sentirem mais seguras, vão querer viajar para lugares próximos e estou preparando a Maia Turismo para atender essa demanda".


Para as três mulheres ouvidas pelo As Carolinas, muitos hábitos antigos terão que mudar. Além dos cuidados com a higiene dos funcionários e hóspedes, criar viagens mais sustentáveis e investir no turismo domésticos podem ser a saída para empresas recuperarem fôlego. "Não sei se já podemos tirar conclusões, já que ainda estamos vivenciando esse crise, mas pudemos ver na prática como algumas atividades turísticas podem ser ruins para as localidades. Um exemplo é a cidade de Veneza na Itália, que sem a presença dos barcos nos canais e dos navios de cruzeiro, está presenciando a real cor do mar e a presença de animais que não se viam há séculos", argumenta Bethânia.


A dica da Karlla Vasco é apoiar o turismo local quando tudo se normalizar. "O turismo do nosso país, é uma das nossas maiores riquezas. Viajar para roteiros menos típicos, ficar em pequenas pousadas, ajudar os pequenos negócios, assim a gente investe no nosso melhor e ajuda a economia local", finaliza.


Daiane Amaral